Saúde mental dos profissionais de saúde exige ação institucional imediata

A Hospitalar 2025 colocou em destaque um dos maiores desafios enfrentados pelo setor de saúde atualmente: o esgotamento mental dos profissionais. Durante o painel realizado na Arena Hospitalar Hub, especialistas analisaram estratégias efetivas para combater a síndrome de burnout e transformar ambientes de trabalho, estabelecendo um consenso importante – a responsabilidade pela saúde mental das equipes recai primordialmente sobre as instituições, não sobre os indivíduos.

No painel “Saúde Mental: do Burnout à Prevenção – construindo ambientes saudáveis”, Viviane Fortes, coordenadora nacional de riscos psicossociais do Ministério do Trabalho e Emprego, foi categórica: “Tratar a saúde mental dos profissionais como uma questão individual é um erro. O burnout é um reflexo direto de ambientes mal estruturados, hierarquizados e sem espaço para acolhimento. A prevenção precisa ser integrada à cultura da organização”.

Entre as medidas práticas, Fortes recomendou o mapeamento sistemático de fatores de risco psicossocial, adoção de métricas específicas para monitoramento da saúde mental e implementação de programas estruturados de bem-estar. Ela também ressaltou o valor das Normas Regulamentadoras como ferramentas estratégicas de governança preventiva.

O professor Wagner Farid Gattaz, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, abordou a questão sob perspectiva gerencial. “Precisamos de lideranças que saibam ouvir, apoiar e agir. A formação de líderes empáticos e preparados para lidar com sofrimento psíquico transforma o ambiente de trabalho em espaço de cuidado mútuo”, apontou. Segundo ele, organizações que investem no bem-estar das equipes registram redução significativa de absenteísmo, minimização de erros assistenciais e melhoria nos indicadores de qualidade.

Daniela Bernardo, coordenadora de relações trabalhistas da FESAÚDE-SP, alertou para a insuficiência de medidas isoladas. “Oferecer apoio psicológico é importante, mas não resolve se o modelo organizacional continuar adoecedor. É preciso revisar jornadas, reconhecer esforços, flexibilizar demandas e criar canais efetivos de escuta ativa nas instituições”, defendeu.

Complementando a análise com foco em resultados mensuráveis, Clóvis Queiroz, diretor de Relações do Trabalho e Sindical da CNSaúde, destacou a importância de políticas internas objetivas e indicadores de clima organizacional. “Ambientes saudáveis se constroem com ações concretas, não com discursos. Instituições que monitoram o clima, capacitam suas lideranças e integram o bem-estar ao planejamento estratégico desenvolvem equipes mais engajadas e resilientes”, concluiu.

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