A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) foi uma das entidades homenageadas pela Hospitalar 2025, principal evento de negócios e inovação em saúde da América Latina, por sua contribuição ao desenvolvimento do setor ao longo de 35 anos. Realizada no São Paulo Expo, a cerimônia reconheceu associações que completam múltiplos de cinco anos de atuação e que têm sido essenciais para a estruturação do ecossistema da saúde no país.
Como não pôde comparecer ao evento, Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma, foi representado por sua equipe. Dias depois, a placa comemorativa foi entregue pessoalmente por Luciana Perdomo e Alessandra Guerios, gerente e coordenadora de marketing da Hospitalar, respectivamente, na sede da associação. O gesto evidenciou o reconhecimento institucional e a parceria histórica entre as duas organizações.
“É uma honra receber esta homenagem no ano que a Interfarma completa 35 anos de atuação em prol da inovação para melhorar a saúde da população brasileira”, afirmou Porto.
O reconhecimento, para o executivo, é coletivo e reflete o trabalho de um time comprometido com o fortalecimento do ciclo da inovação farmacêutica e a ampliação do acesso a terapias modernas no país.
Três décadas de marcos regulatórios, inovação e compromisso com o acesso
Fundada em 1990, a Interfarma tem um histórico relevante de atuação estratégica. Desde a defesa da Lei de Propriedade Industrial — um marco para o setor — até a contribuição ativa na aprovação da Lei da Pesquisa Clínica, em 2024, a entidade tem se posicionado como voz técnica na formulação de políticas públicas de saúde.
“Temos orgulho de ter atuado para viabilizar esse avanço e seguimos agora como voz ativa na construção de sua regulamentação”, destacou Porto.
Ao longo de mais de 30 anos, a Interfarma também tem se debruçado sobre temas essenciais como avaliação de tecnologias em saúde, combate à falsificação de medicamentos e promoção da rastreabilidade dos tratamentos.
“Liderar a Interfarma é mover todos os desafios em prol de um dos maiores bens que temos: a saúde das pessoas”, resumiu Porto. Ver um paciente curado ou um tratamento inovador que antes parecia impossível sendo oferecido à população é o que dá sentido ao trabalho da entidade, segundo o executivo.
Outro ponto sensível, de acordo com Porto, é o descompasso entre registro e acesso efetivo a medicamentos no Brasil. “Mesmo com a aprovação de novos tratamentos, ainda enfrentamos um longo caminho até que esses medicamentos estejam disponíveis nos sistemas público e privado”, alertou.
O presidente cita um estudo da Fifarma segundo o qual, de 194 terapias registradas no país entre 2014 e 2024, apenas 29 estão amplamente acessíveis à população. A Interfarma atua para corrigir esse cenário, defendendo um modelo de avaliação que considere não apenas o custo, mas também os impactos clínicos e sociais das terapias.
“É preciso olhar o adequado tratamento das pessoas como investimento. Temos custos muito grandes por não tratar adequadamente”, ressalta Porto.
Protagonismo internacional e visão de futuro para a ciência brasileira
Para além das fronteiras nacionais, a entidade tem ampliado sua presença global. “Eventos como a Hospitalar reforçam nosso papel internacional. São oportunidades valiosas para consolidar conexões e avançar na construção de soluções conjuntas”, afirmou Porto.
A Interfarma mantém parcerias com organizações como Fifarma, IFPMA e EFPIA, promovendo a troca de conhecimento, dados e experiências que ajudam a posicionar o Brasil de forma mais estratégica no cenário global da inovação em saúde.
Esse protagonismo internacional também está relacionado à capacidade do Brasil de se tornar um polo de pesquisa clínica. “Com regras mais claras e segurança jurídica, podemos transformar o Brasil em um dos dez maiores polos de pesquisa clínica do mundo”, projetou Porto. Segundo ele, isso poderia movimentar até R$ 5 bilhões por ano em investimentos diretos, beneficiando milhares de pacientes e aproveitando a infraestrutura científica e a diversidade genética do país.
A homenagem da Hospitalar não celebra apenas um marco temporal, mas a relevância contínua de uma entidade que atua de forma ética, técnica e propositiva na construção de um sistema de saúde mais moderno, sustentável e justo.
“Seguiremos trabalhando para que o Brasil ocupe uma posição estratégica no cenário global da inovação em saúde, com foco no que realmente importa: o acesso da população às melhores soluções disponíveis”, concluiu Porto.
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