Em 2025, a medicina digital entra em um novo ciclo de expansão no Brasil e no mundo, impulsionada por tecnologias que conectam, analisam e personalizam o cuidado.
Muito além da telemedicina — que se consolidou em 2024 como prática essencial no sistema de saúde —, o ecossistema digital na saúde agora incorpora inteligência artificial, 5G, wearables, big data e plataformas integradas para transformar a assistência e a gestão.
A transformação é visível nos números: mais de 30 milhões de atendimentos médicos foram realizados remotamente no Brasil em 2023, segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), um salto de 172% em relação ao período de 2020 a 2022.
E a tendência é global — o mercado de telemedicina, um dos pilares da medicina digital, pode atingir US$ 857,2 bilhões até 2030, de acordo com o Distrito Healthtechs Report, com um crescimento médio anual (CAGR) de 18,8%.
Mas a medicina digital vai além das consultas on-line. Ela envolve o uso de dispositivos vestíveis para monitoramento contínuo, algoritmos para diagnóstico precoce e suporte à decisão médica, além de plataformas que integram todo o ciclo do cuidado.
Com a chegada do 5G, essas soluções ganham velocidade, escala e penetração em regiões antes inacessíveis. Veja como a medicina digital contribuirá para ampliar o acesso e enxugar desperdícios.
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O que é medicina digital?
Medicina digital é uma prática que integra recursos tecnológicos e digitais para melhorar a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento de pacientes.
Embora muitas vezes confundida com eHealth ou telemedicina, ela é mais abrangente: engloba todas essas ferramentas e vai além ao incorporar inteligência de dados, interoperabilidade e tomada de decisão baseada em evidências em tempo real.
A medicina digital está diretamente conectada à saúde digital — um ecossistema que inclui tecnologias como inteligência artificial (IA), big data e Internet das Coisas (IoT) aplicadas à saúde.
A telemedicina — atendimento médico à distância — é uma de suas aplicações mais conhecidas, enquanto o termo eHealth se refere, de forma ampla, à digitalização dos serviços e processos em saúde.
Soluções que estão redesenhando o setor
Entre os principais exemplos de inovações em medicina digital no Brasil, destacam-se:
- Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP): permite o acesso rápido e seguro ao histórico clínico, promovendo continuidade do cuidado, integração entre equipes e decisões mais assertivas.
- Monitoramento remoto: especialmente relevante em casos crônicos, possibilita o acompanhamento de parâmetros de saúde (como pressão arterial e glicemia) em tempo real, reduzindo internações e visitas desnecessárias.
- Plataformas de telessaúde: vão além das videochamadas médicas, englobando triagem digital, orientação por enfermeiros, agendamento inteligente e integração com o PEP.
- Wearables e apps de saúde: relógios inteligentes, sensores e aplicativos que monitoram batimentos cardíacos, sono, níveis de atividade e outros indicadores, promovendo o autocuidado e a prevenção.
Medicina digital impulsionada por demanda e regulação
O avanço da regulação autorizou a telemedicina durante a pandemia, e a posterior regulamentação permanente, por meio da Lei 14.510/2022 , impulsionou o crescimento da medicina digital no país.
Hospitais, operadoras de saúde e redes de clínicas passaram a investir em plataformas digitais, interoperabilidade e analytics para oferecer um atendimento mais ágil, seguro e personalizado.
O papel da tecnologia e da IA na inovação
Os avanços tecnológicos estão redefinindo a assistência à saúde, tanto no cuidado direto quanto na retaguarda operacional.
A aplicação de inteligência artificial (IA), por exemplo, tem ampliado a precisão diagnóstica, reduzido o tempo de resposta clínica e melhorado a alocação de recursos.
Inteligência artificial na triagem, leitura de exames e suporte à decisão médica
A IA já está presente na triagem de sintomas, com assistentes virtuais que orientam pacientes sobre o próximo passo no cuidado.
Em hospitais e clínicas, algoritmos analisam exames de imagem e laboratoriais, sinalizando alterações suspeitas com alta acurácia.
Além disso, ferramentas de suporte à decisão clínica auxiliam médicos com alertas, sugestões de conduta e identificação precoce de riscos, promovendo maior segurança assistencial.
Big Data: coleta massiva de dados clínicos para personalizar cuidados
A coleta e análise de Big Data tornou-se estratégica para a personalização da medicina. Dados provenientes de prontuários eletrônicos, dispositivos vestíveis, históricos de atendimentos e hábitos de vida são consolidados para gerar insights preditivos.
Com isso, gestores conseguem mapear populações de risco, planejar ações de prevenção e monitorar indicadores em tempo real.
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Avanço dos wearables como dispositivos de coleta contínua
Os wearables — dispositivos vestíveis como smartwatches e sensores de glicose — transformaram-se em aliados da medicina digital.
Capazes de monitorar batimentos cardíacos, sono, atividade física e outros parâmetros, esses dispositivos fornecem dados contínuos, que podem ser integrados ao prontuário do paciente e usados por equipes de saúde para intervenções precoces.
Gestão integrada de exames, agendamentos e laudos
Outra inovação que se consolida é o uso de plataformas de telessaúde com gestão integrada, que reúnem agendamento de consultas, acesso a exames, emissão de laudos e comunicação com a equipe assistencial em um único ambiente digital.
Para os gestores, essas ferramentas representam ganhos de escala, padronização de processos e maior controle sobre os desfechos clínicos e operacionais. Enquanto para os pacientes, significam agilidade, comodidade e um cuidado mais próximo, mesmo à distância.
A medicina digital já não é mais tendência — é estratégia. Veja no Saúde Business como líderes do setor estão usando tecnologia, dados e inteligência artificial para transformar o cuidado, reduzir custos e ampliar o acesso.