O Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, conseguiu reabrir seu Centro de Diagnóstico de Imagem (CDI) apenas 20 dias após as devastadoras enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Este marco inicial na retomada das atividades deve-se principalmente aos rigorosos protocolos estabelecidos durante seu processo de acreditação, conforme revelado no Congresso de Infraestrutura da Hospitalar 2025.
Segundo Marcelo Antunes Marciano, gerente de Infraestrutura da AESC/Hospital Mãe de Deus, os planos de contingência para catástrofes foram decisivos na evacuação de 280 pacientes e 500 colaboradores, além de acelerar a recuperação da instituição. “A acreditação nos forneceu diretrizes claras para evacuar o prédio, transferir pacientes e planejar a reabertura com segurança”, explica.
Quando a inundação começou, a equipe tentou inicialmente contê-la com caminhões-pipa para remover a água do subsolo. Ao perceberem a insuficiência dessa estratégia, rapidamente acionaram a rede hospitalar para transferências e realocaram serviços essenciais como rouparia e manutenção para andares superiores.
Após três semanas, com a redução do nível da água, a instituição realizou um meticuloso processo de limpeza, priorizando a subestação elétrica. “Restabelecemos a energia e realizamos a manutenção completa da rede elétrica”, afirma Eliezer Valente, gestor executivo da Engeform Engenharia, responsável pelo serviço.
Com visão preventiva, o hospital já desenvolve projetos como a construção de seis bacias de contenção e instalação de comportas entre áreas interligadas para mitigar impactos de futuras inundações.
“As mudanças climáticas tornarão esses eventos mais frequentes. Toda organização, especialmente na área da saúde, precisa estar preparada para responder rapidamente a situações adversas”, alerta Marciano.
Valente complementa: “Precisamos antecipar cenários ainda não vivenciados, desenvolvendo estruturas como fachadas resistentes a granizo e sistemas de retenção pluvial que permitam escoamento gradual, evitando sobrecarga nos sistemas de drenagem urbana”.
A experiência do Mãe de Deus evidencia como investimentos em acreditação e gestão de riscos fortalecem a resiliência operacional de instituições de saúde, garantindo a continuidade assistencial mesmo em circunstâncias extremas – lição valiosa para gestores do setor em um cenário de crescente instabilidade climática.